Colaboradores

terça-feira, 3 de junho de 2014

Reflexões sobre discursos midiáticos (re)produzidos numa propaganda

     Propagandas são artefatos culturais que (re)produzem uma sociedade com uma intencionalidade específica. Dessa forma, a partir da propaganda escolhida durante a aula de Mídias e Educação, buscamos analisar as representações sociais presentes nesta ferramenta midiática, direcionando nosso olhar para as formas de endereçamentos e os discursos (re)produzidos a partir de um determinado lugar na sociedade.
Nesse sentido, observamos na propaganda escolhida um discurso machista que afirma que o ter é essencial na constituição do ser, ao representar na imagem do personagem masculino a mudança de postura para conseguir alcançar um determinado “objeto” de desejo, ele utiliza-se de diversas estratégias modificando sua imagem, acreditando que assim corresponderá a uma representação de homem ideal.

     Este discurso ganha força ao trazer a representação feminina como algo a ser consumido, isto fica evidente através da postura feminina representada na propaganda que se mostra exigente quanto ao que seus pretendentes possuem e tem a oferecer a ela. Isto se evidencia quando ela só se atenta a presença do seu pretendente quando este modifica sua imagem, através de roupas e um carro do ano.
     Diante disso, entendemos que o endereçamento desta produção midiática está centrado nos homens que não correspondem à idealização social, vendendo a ideia de que consumindo os produtos direcionados nesta propaganda seu status na sociedade se modifica. Desse modo, a propaganda (re)produz um discurso de um contingente social que atingem e definem estes padrões, a partir da posição de poder na sociedade. A linguagem presente nesta produção é visual e centrada na valorização simbólica dos discursos reproduzidos pautados nas relações de poder.

     No que concerne o espaço educativo, esta discussão torna-se essencial, na medida em que as propagandas interpelam todas as instancias sociais e (re)produzem discursos capazes de (re)constituir os sujeitos da sociedade. Portanto, uma vez que estas (re)produções não acontecem de forma unilateral,  o ambiente da escola transforma-se em um importante lugar de ressignificação dos discursos culturais estabelecidos.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Reflexões a partir do VII Congresso Internacional ABEH

      Durante os dias 7-8-9/05 aconteceu na Universidade Federal de Rio Grande- FURG o VII Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade de Sexual e de Gênero da Associação Brasileiras de Estudos da Homocultura, neste evento ocorreram diversas apresentações culturais, também contamos com palestras de muito destaque como da Profª Drª Guacira Lopes Louro, e tantas outras. Além disto, tivemos diversas rodas de conversa sobre as temáticas do evento, que englobam desde combate a homofobia, sexualidade até preconceito racial e de gênero, também contamos com a apresentação de pôsteres de alunos da universidade local como também de diversas outras universidades.
     No dia 07/05 eu, Keli Velasques, e a colega Daniele Pinheiro apresentamos um pôster intitulado (re)produções e (des)construções de gênero nos episódios de Peppa Pig, desenho de origem britânica atualmente veiculado ao canal da TV fechada Discovery Kids, no trabalho nosso objetivo foi o de discutir quais as formas que estavam sendo utilizadas para a representação do papel feminino e masculino, através dos personagens mamãe e papai Pig, Peppa e George seu irmão mais novo. Nossas análises foram em torno das muitas (des)construções apresentadas no desenho, como, por exemplo, o pai realizando os trabalhos domésticos enquanto a mãe trabalha, um menino fazendo aulas de balé e sendo ensinado que não há nada de errado nisso, porém salientamos que alguns aspectos continuam a ser (re)produzidos como a família nuclear.
     Durante nosso tempo de permanência na sala de apresentações pudemos realizar várias discussões a partir da troca de ideias e experiências com as diversas pessoas, como a minha parceira de blog Roberta Pereira, que foram prestigiar o nosso e os outros tantos trabalhos apresentados naquela tarde. Sendo assim, esta foi uma ótima oportunidade de difundir os trabalhos realizados dentro das temáticas: diversidade, gênero e sexualidade.

   Desse modo, o congresso nos potencializou a problematização destas temáticas relacionando-as as discussões realizadas nas aulas de Mídias e Educação, fazendo-nos refletir sobre o papel da indústria midiática frente a mudanças na ordem social. A partir da participação no evento, nos questionamos: Como a mídia atual vem (re)construindo as representações de gênero, sexualidade e diversidade nessa  nova configuração de sociedade?

A mídia que nos constitui e o espaço educativo

     Partindo das discussões realizadas na disciplina de mídias e educação e das leituras que nós viemos realizando ao longo destes três anos na graduação em Pedagogia chegamos a alguns entendimentos sobre a influência midiática atualmente:
     A influência que o discurso midiático tem na construção e constituição da dimensão social como um todo está produzindo cultura a todo o momento. Entretanto, esta produção não acontece de forma unilateral, na medida em que a mídia nos interpela com as mais diferentes formas, nós também, enquanto sociedade, a constituímos, uma vez que reproduzimos interpretativamente os conteúdos simbólicos veiculados nas diferentes linguagens midiáticas, segundo nossa dimensão sócio-histórica, recriando estes discursos.       
   Nessa perspectiva, a mídia se faz uma instância educativa, na medida em que ela transmite valores, conceitos e padrões prontos para serem seguidos e normatizados por um determinado público-alvo. Ela também interfere em nossa dimensão simbólica e cultural e nos ensina como devemos nos vestir, falar, comer, etc.., para que sejamos aceitos na sociedade.
   Deste modo, a escola torna-se um espaço em disputa, uma vez que a mídia atual maneira rápida e instantânea. 
      O espaço educativo formal, dentro dessa lógica, passa a ser um espaço chato e
desinteressante, na medida em que não acompanha o desenvolvimento da indústria midiática e se alicerça em teorias pedagógicas que estão em descompasso com a sociedade atual. Como tentativa de contrapor esta lógica, a escola insere dentro de seu espaço tecnologias de apoio pedagógico, são eles: aparelhos multimídia, telas interativas, computadores, tablets e por aí vai, entretanto, mesmo com este aparato tecnológico a prática pedagógica pouco ou nada muda.
     Acreditamos que a educação e a prática educativa não se dissociam, a mídia atualmente só faz compor esta unidade e ambas estão intrinsecamente ligadas ao tipo de sociedade que se tem. Diante disso, é evidente a transformação que a sociedade vem sofrendo a partir da influencia da mídia e sua indústria e, por isso mesmo, as práticas pedagógicas deveriam
estar também se modificando. Porém, verificamos neste processo que é preciso uma modificação humana, precisamos de professores qualificados, com conhecimento, capazes de utilizar todas as ferramentas disponíveis na ressignificação destas formas midiáticas que interpelam nossas crianças e jovens diariamente, pois de nada adianta inserir diferentes e diversas tecnologias na esfera educativa se, as epistemologias de ensino que alicerçam o ato educativo não se transformarem.